
Disseram-me que não era
- alguém -
deram-me um nome
- corpo de delito -
Que fiz eu para me ab-rogarem
a identidade
nas margens augustas
Se era o molde que queriam matar...
que me afogassem na sede da culpa
onde as labaredas
comem tudo
até o último poro da razão
Que culpa teve o meu corpo
se era o meu espírito
o réu
Porque não queimaram a minha história
rifando a rima
a rama e a raiz
Abandonaram-na
inglória
no sangue-frio imperecível da rigidez social
Mostrando restos que já não existem
exibindo aos olhos da orbe
um trofeu amputado
Um desenho sem complacência
Que crime surrou os meus apontamentos externos
que ficaram como um desassossego
no espelho dos meus juizes
Quem sou eu
agora
senão a ofensa do corpo usual
um quadro feio
É aquilo que mostro...
Mais o tesão...
Com este farei justiça.
Fernando Oliveira
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