Assistente editor: Hugo de Aguiar

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camuflagem pictural


















camuflagem pictural

já não são saltimbancos.. os pés que vieram da cidade
torneias ainda no salão.. esfregado com cera inimiga
ainda golpeias o pão com amor.. mas róis a fatalidade
e a orquestra adormece ao som do teu chorar de formiga

já não se apagam luzes.. para se acenderem esperanças
tudo morre lentamente com os últimos acertos do violão
no armário.. apodrecem os vestidos encenados pela tua mão
e no peito.. os cabelos caiem um a um.. das tristes tranças

espantoso quadro.. que te leva a sonegar a obra do artista
na morte que queres.. que refuta o seu pincel de resguardo
morres na tinta.. que insinua um febril derrear cabalista
e revives nas rendas esfomeadas duma trajo frio e pardo

agora.. és madorra justificada.. em obra cortês assinada
pareces bela.. mas os olhos já não prosseguem viagem
terás existido na realidade.. ou foste bengala desejada
chove na praça da arte e eu autentifico o personagem

Fernando Oliveira

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